ATUALIZAÇÃO PATRIMONIAL JUNHO/2021

Quadragésima primeira atualização patrimonial do blog. Um balanço dos últimos meses e perspectivas para o futuro.


INTRODUÇÃO - A FINANSFERA MORREU?

Nos últimos meses, minhas postagens de atualização no blog vinham sendo meramente protocolares. Foram, por assim dizer, apenas para "cumprir tabela", embora a obrigação seja nenhuma, até mesmo porque não estou em nenhum daqueles velhos e famosos rankings patrimoniais da finansfera.

Na verdade, considerei, por várias vezes, encerrar o blog, vir aqui anunciar uma pausa por tempo indeterminado ou, simplesmente, abandonar o blog e acrescentar meu nome e deste pequeno espaço ao deserto que vem se tornando a blogosfera financeira brasileira - como, aliás, observou a colega do "Independência Financeira ou Morte".

Então, se, por acaso alguém vier visitar este espaço, deixo meu questionamento sincero: onde está todo mundo? Alguém tem feito um compilado da blogosfera financeira como fizeram no passado (não lembro qual o blogueiro que criou o banner da comunidade FIRE e tinha uma grande lista de blogs associados)? Ainda existe algum ranking (que, afinal, também serviam como um índice da blogosfera)?


A CASA PRÓPRIA

A verdade é que meu desinteresse pelo blog foi causado pela bagunça da minha vida financeira. E o que me faz voltar e olhar esse espaço com mais carinho é a constatação de que, na verdade, a minha vida financeira vem ficado bagunçada justamente porque não tenho feito postagens mais completas aqui no blog.

É o "dilema tostines": parei de fazer postagens mais elaboradas porque minha vida financeira está bagunçada ou minha vida financeira está bagunçada porque passei a dar menos importância ao blog?

O fato é que o estopim desse processo foi, como já deixei ver em outras postagens do blog, a compra de um imóvel.

Há muitas postagens pela blogosfera, de autores melhores do que eu, que se dedicam a analisar as vantagens de comprar um imóvel ou viver de aluguel. Não vou entrar nesse mérito. Até porque não tenho certeza se, na minha situação, a compra do imóvel foi, de fato, a melhor decisão.

Meus motivos, no campo financeiro foram três: primeiro, o aumento de patrimônio que o corte de gastos pela pandemia me proporcionou; segundo, o medo pelo aumento descontrolado da inflação registrada pelo IGP-M, que corrige contratos de aluguel; terceiro, a possibilidade de pagar a maior parte do valor do imóvel à vista e financiar o restante em boas condições de crédito. Além disso, pesou também o incômodo que era viver em imóvel de terceiros, principalmente por conta de uma relação conflituosa com o locador - que pensava não ter nenhuma obrigação em manter o imóvel em boas condições - e a perspectiva de uma mudança não programada, e em um prazo curto de 30 dias, caso o proprietário assim solicitasse.

Há, é claro, os "contras". Especialmente, o imóvel que adquiri atende as necessidades atuais mas dificilmente continuará atendendo em um prazo mais longo, de 5 ou 10 anos.

O fato é que a contratação de empréstimo, o resgate antecipado de aplicações financeiras e a amortização das dívidas, a suspensão de novos aportes e a correria do dia a dia com mudança e grande carga de trabalho deixaram minha vida financeira desorganizada. Começo, aqui, a colocar ordem nas coisas.


PATRIMÔNIO IMÓVEL

Uma primeira questão que me surgiu foi como registrar o imóvel no meu patrimônio. Há dois aspectos a serem considerados, especialmente pensando no registro público feito por este blog, um que vejo como "técnico", outro, como "político".

Por "técnico", eu entendo o registro do imóvel nas minhas anotações usadas como ferramentas de controle. O imóvel faz parte do meu patrimônio e, assim, é importante que eu tenha em vista que ele é minha propriedade - um ativo, em linguagem financeira.

Eu preciso ter uma estimativa de quanto o imóvel vale no mercado porque é uma parte do meu patrimônio que está aplicada ali e não em outro tipo de investimento. Também preciso ter uma ideia do valor de mercado do aluguel desse imóvel porque é tanto uma renda potencial como um custo do meu estilo de vida que está oculto no meu patrimônio. Ainda assim, sem nem sequer cogitar, por ora, mudar para outro lugar, um controle rígido desses valores, além de muito impreciso, seria absolutamente inútil.

No aspecto "político", eu vejo uma responsabilidade não apenas com os leitores deste blog mas com a minha própria história pessoal.

Uma primeira versão desse texto trazia uma explicação longa demais para evitar que o "político" fosse mal interpretado. Não vale a pena o esforço. O que eu quero deixar claro é que moradia é um gasto altíssimo, o mais relevante para a maior parte das pessoas e, por isso, não posso simplesmente omitir que só não pago (mais) aluguel a custa de uma quantidade imensa de horas de trabalho cuja remuneração foi integralmente direcionada a esse fim.

Eu tenho uma vida financeira confortável, mas, embora não tenha herdado um único centavo e nem, por exemplo, colocado os pés em uma escola particular em toda a minha vida estudantil, sei que o que me fez atingir esse patamar foi algum esforço e muita "sorte", porque a minha vida (e a de todos nós) esteve principalmente atrelada a aspectos totalmente fortuitos e fora da minha capacidade de controle.

O mais importante é que este blog não seja mais um espaço para aumento da ansiedade dos leitores, mas que sirva ao menos como um início de reflexão sobre a realidade.

Dito isso, o valor do meu imóvel será integrado ao valor total do patrimônio. Esse montante será um valor estimado por mim e será revisto sem nenhuma periodicidade específica. Vou deixar marcado na apresentação que esse valor é uma mera estimativa, podendo variar consideravelmente em um eventual cenário de venda.


PATRIMÔNIO CONSOLIDADO E RENDIMENTO DOS INVESTIMENTOS

Minhas atualizações patrimoniais passam a ser apresentadas com os seguintes itens:

IMÓVEL (estimado): o valor que estimo para o apartamento que adquiri;

APOSENTADORIA: aplicações em fundos de previdências e em aplicações com vencimento longo (mais de 15 anos) que não pretendo resgatar antecipadamente, sem discriminação dos ativos;

LIQUIDEZ DIÁRIA: composta pelos valores da reserva de emergência, reserva de oportunidade e dinheiro a ser usado em gastos correntes. Pode conter, especificamente, valores em conta corrente, poupança, tesouro selic, CDB's e outros produtos de liquidez diária. Não vou detalhar a alocação de ativos por se tratar de uma escolha circunstancial.

INVESTIMENTOS: parte do meu patrimônio efetivamente utilizada para aplicações financeiras buscando um equilíbrio nas alocações conforme as necessidades e perspectivas do momento. Vou fazer um detalhamento do quanto aplicado em renda fixa, multimercados, renda variável e ativos internacionais, e também apresentar o rendimento total dos investimentos no mês.

DÍVIDAS: o saldo devedor da minha dívida referente à compra do imóvel (que deve ser paga integralmente antes do final do ano).

Sendo assim, meu patrimônio atual é o seguinte:


IMÓVEL (estimado)..........R$ 500.000,00

LIQUIDEZ DIÁRIA.............R$ 26.822,18

APOSENTADORIA..............R$ 222.086,07

INVESTIMENTOS..............R$ 450.150,15

Renda Fixa........R$ 230.353,93

Multimercados.....R$ 134.002,79

Renda Variável.....R$ 25.436,00

Internacional......R$ 60.356,80

Rendimento...0,58%

DÍVIDAS.....................R$ 51.296,94


PATRIMÔNIO TOTAL.........R$ 1.147.761,46


INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Meu índice pessoal de independência financeira está em 41,72%. Isto é, tenho essa porcentagem do patrimônio necessário para fazer frente a todos os meus gastos.

Esse número, no entanto, é incerto, já que, de um lado, a pandemia reduziu artificialmente meus gastos e, de outro, o não pagamento de aluguel ainda não tem tido impacto no montante total. Soma-se o cenário de incertezas econômicas que faz a regra dos 4% a.a. (que dá base ao meu índice de independência financeira) ser pouco mais do que um chute arbitrário. Pensarei se é o caso de ainda continuar com esse índice nas próximas atualizações financeiras.


Comentários

  1. Olá, também totalizo o imóvel em meu patrimônio, eu estimo o valor uma vez por ano, pego o valor do imóvel que Prefeitura lançou na guia do IPTU, pesquiso nesta data imóveis similares na mesma localização. Faço então a média dos dois valores e utilizo como referência por um ano inteiro, até o próximo IPTU. É um número impreciso certamente, mas serve como um idéia....

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  2. Bom fechamento!
    Nas postagens eu considero só o patrimônio financeiro.
    Imóvel deixo anotado à parte, pertencente ao patrimônio global.

    Mas o seu fechamento, em minha opinião, está bem ilustrado o que é financeiro, o que é imóvel e o que é dívida, então não vejo o porquê deveria ignorá-lo nos seus controles, ainda mais que sua pretensão é passar a realidade ao leitor, de saber o que conquistou, para que sirva, inclusive, de norte e guia.

    Da mesma forma que você, sou originário de escola pública e nunca recebi um centavo de herança.
    Somos vencedores!

    Grande abraço!

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