Quem sou eu? Onde estou? E o mais importante... para onde estou indo?
RESUMO: primeira postagem do blog, traz um resumo do meu caminho até aqui, minha visão de mundo e minhas metas para o futuro.
Sempre fui, antes de tudo, um poupador. Desde criança ajo com parcimônia, economizo nos gastos, nos riscos, nos gestos, nas palavras, nas emoções. Mas os momentos de crise às vezes vêm à tona e trazem o questionamento: por que? para que?
Sempre fui, antes de tudo, um poupador. Desde criança ajo com parcimônia, economizo nos gastos, nos riscos, nos gestos, nas palavras, nas emoções. Mas os momentos de crise às vezes vêm à tona e trazem o questionamento: por que? para que?
O poupador patológico não é assim tão diferente do gastador compulsivo. Ambos são crias doentias do capitalismo e de seu fetiche pela mercadoria. Os dois coexistem no ciclo infinito do trabalhar-juntar-gastar-usar-descartar.
A própria distância entre o poupador e o perdulário é falsa. Basta uma frustração amorosa, a partida de alguém querido, um nódulo não identificado em um exame de imagem e... cai-se rapidamente no extremo oposto. Três meses de economia em uma mesa de bar, outros seis nas zonas de prostituição, o último salário todo em um aparelho de celular, a poupança de uma vida em um carro importado. Tudo ilusões. Ilusão de quem poupa para ser feliz no futuro, ilusão de quem gasta para ser feliz agora.
Eu sei disso. Eu já passei por isso. Estou mudando e este espaço é o registro de uma parte da minha jornada.
Felicidade x dinheiro
Cada um tem suas crenças e seus valores, os meios variam infinitamente, mas estamos todos caminhando em busca um mesmo fim: sermos felizes.
A conhecida máxima é de que “dinheiro não traz felicidade”. Pesquisas recentes têm mostrado, por outro lado, que pessoas com renda maior normalmente se sentem mais felizes e há quem queira inverter o ditado: “dinheiro traz, sim, felicidade”. Qual será a verdade?
O que parece certo é que a falta de dinheiro traz tristeza. Isso é verdade tanto para a família que não tem como alimentar os filhos quanto para os abastados que experimentam uma brusca queda de renda devem abrir mão de luxos a que já tinham se habituado.
O dinheiro deve ser necessário para atender nossas necessidades vitais ou fatalmente nossa vida será tormentosa. Atingido o nível mais básico, o dinheiro também serve para adquirir bens que nos dão pequenas cargas fugidias de felicidade: um almoço em um bom restaurante, uma taça de vinho ao pôr-do-sol, uma câmera fotográfica para registrar o aniversário do filho, um carro novo para fazer viagens mais confortáveis, um apartamento com vista para a praia...
Até quando a aquisição de novos bens nos fará mais felizes? A comida do almoço e o vinho da tarde já foram digeridos e a fome volta, a vista do apartamento tornou-se banal, já não estaria na hora de comprar um novo carro novo? Há um ponto em que nos tornamos escravos do momento efêmero do consumo. Cria-se um vício naquela sensação. O agora já não encanta e o retorno ao passado seria terrível. É preciso mais, um pouco mais, cada vez mais, e assim entramos em uma espiral infinita que só resulta em dor se não soubermos que os desejos também podem se tornar infinitos e é necessário domá-los.
No capitalismo do séc. XXI essa situação adquire contornos próprios e peculiares. Não se trata, porém, de algo recente, mas de uma questão sobre a qual os homens pensam há milênios.
Epicurismo
Nos últimos anos, a busca por conhecimento acerca do melhor modo de lidar com o dinheiro me levou, de um lado, a conhecer a blogosfera brasileira de finanças e de desenvolvimento pessoal (a qual estou ingressando agora) e, de outro, a redescobrir, depois da universidade, o pensamento de Epicuro de Samos.
Epicuro é um filósofo grego do séc. IV a.c. que fundou a comunidade filosófica ateniense “O Jardim” (que inspira o nome deste blog) e desenvolveu a escola de pensamento que leva seu nome. Há muito o que se falar sobre Epicuro, e espero fazê-lo em outras oportunidades. Por ora, basta apontar que sua doutrina sobre os desejos e a felicidade inspira, hoje em dia, movimentos sobre consumo consciente e frugalidade.
Em um breve resumo, Epicuro ensina que o sábio deve investigar e dominar seus desejos, satisfazendo os naturais e descartando os artificiais. É fácil obter a satisfação dos nossos desejos naturais e essa, portanto, é a forma mais segura de obtermos prazer. Assim, é a própria natureza que nos impulsiona a uma vida simples e modesta. Os desejos artificiais impostos pelos outros nunca são completamente satisfeitos, impondo uma busca incessante e infrutífera que sempre acaba em sofrimento. Epicuro põe em alta conta a razão humana, capaz de analisar a melhor forma de efetivamente alcançar uma vida feliz.
Poupar para ser feliz
Estimulado por Epicuro e os atuais movimentos de frugalidade, quero dar um sentido a uma característica que é da minha própria personalidade: a parcimônia.
Hoje, procuro pensar racionalmente o ato de poupar: não deve ser ignorado mas tampouco deve ser uma compulsão. Mais importante, poupar é necessário para uma vida mais feliz agora e no futuro.
Agora - porque é capaz de restringir meu tempo e minhas ações àquilo que é realmente importante e capaz de me trazer felicidade.
No futuro - porque pode ser capaz de gerar um patrimônio que me permita dedicar o meu tempo a outras atividades prazerosas além do trabalho remunerado.
Um histórico financeiro
Como tantos outros blogs, este vai trazer um resumo da minha situação financeira, mês a mês, tanto em relativo a patrimônio total como a gastos mensais.
Nesta primeira postagem, um gráfico que retrata um histórico do meu patrimônio total e gastos mensais de agosto de 2015 a janeiro de 2018:
Metas
A meta é, sempre ela, ter uma vida feliz. Mas este blog se ocupa principalmente de questões financeiras, uma parte pequena mas relevante da minha vida, principalmente porque tem ligações diretas com todas as demais.
Em termos financeiros, a meta principal é ter um patrimônio total de ao menos 25 vezes os meus gastos anuais. É a aplicação de uma regra simples e conhecida de quem começa a estudar finanças pessoais:
Um determinado montante de dinheiro (digamos, R$ 1.000.000,00) bem investido pode render, com certa segurança, cerca de 5% ao ano além da inflação. Se o investidor fizer retiradas anuais de 4% (ampliando a margem de segurança), o dinheiro dura, virtualmente, para sempre.
A meta, portanto, é poder viver com os tais 4% anuais (ou um vinte cinco avos do montante investido) e não precisar mais do trabalho remunerado. Em outras palavras, trata-se da sonhada independência financeira.
É importante notar que para atingir a meta são necessários tanto um volumoso patrimônio quanto um rígido controle de despesas. Como visto no gráfico que postei acima, meu patrimônio total vem aumentando constantemente ao longo dos anos mas a minha despesa média anual também cresce. Ao colocar em números, cheguei a notar que em vários momentos eu vinha andando para trás na meta da independência financeira.
Junto com outros dados, as postagens de atualização patrimonial mensal deste blog vão trazer meu avanço na meta da independência financeira. Em janeiro de 2018, esse valor é de 22,85%. Minha meta para o final de 2018 é chegar a pelo menos 28%.
Como meta mais imediata, quero estudar oportunidades e diversificar meus investimentos, que atualmente são extremamente conservadores, como as próximas atualizações mostrarão.
Espero ter ainda uma longa estadia na blogosfera. Bem-vindos ao meu blog!
Olá, Jardineiro.
ResponderExcluirBem-vindo à finansfera.
Gostei das reflexões iniciais acerca da necessidade de equilíbrio entre aportar e viver o presente. Inclusive, fiz um post tratando de tema semelhante há algum tempo (http://investidorconcursado.blogspot.com.br/2017/10/sobre-felicidade-aportes-frugalidade-if.html), porém mais focado na visão estóica de Sêneca sobre a felicidade.
Seus gastos são consideráveis, tendo em vista que consegue evoluir o patrimônio de forma consistente, percebe-se que tem um ótimo salário.
Praticamente 1/4 da IF atingida, muito bom, basta manter-se firme no propósito que o resultado virá.
Abraço.
Um grande acerto meu foi sempre ter poupado uma parte do salário. Nos últimos anos eu tive a sorte de ter um salario aumentando constantemente. Apesar de ter mantido os aportes, deixei meus gastos crescerem no mesmo ritmo. Acho que hoje tenho gastos excessivos e tento retornar a uma vida mais simples. A evolução patrimonial, quem sabe, pode ser ainda melhor.
ExcluirJ.E
ResponderExcluirSeja muito bem - vindo à Blogosfera Finaceira. Tenho certeza que o seu blog vai somar muito pela profundiade e excelente qualidade da escrita.
Abraços!
Gostei muito do Texto, Jardineiro.
ResponderExcluirParabéns e bem-vindo!
Sucesso na caminhada!
Olá, Jardineiro. Já tretamos em outro blog, mas seja bem-vindo mesmo assim!
ResponderExcluirPor curiosidade, o que pretende fazer após atingir a IF?
Eu pretendo viajar e ter a tranquilidade de não precisar trabalhar por dinheiro se assim eu quiser.
Não fiz planos concretos porque ainda estou bem longe. De maneira geral, tirar uns meses ou 1 ou 2 anos para viajar e, quando cansar (e eu sei que chega uma hora que cansa), me estabelecer em um lugar tranquilo pra viver, cuidar de perto da educação dos filhos que eu vier a ter, trabalhar com algo prazeroso mesmo que não remunerado, ler, escrever...
ExcluirBem vindo Jardineiro, estarei acompanhando seu blog. Adicionei a lista de favoritos, recentemente escrevi um resumo do livro do Prof. Clovis de Barros Filho em que ele trata em um dos capitulos do epicurismo e sua relação com a felicidade.
ResponderExcluirAbraço
Obrigado! Também adicionei o seu blog à lista. Vou conferir a postagem!
ExcluirAbraço.
excelente post!
ResponderExcluirBem vindo Jardineiro!
ResponderExcluirMuito bom seu post!
Sucesso!