MONTANDO UMA CARTEIRA DE INVESTIMENTOS - PARTE 2

RESUMO: meu processo de montagem de uma carteira de investimentos.

Minha carteira

Já há alguns anos os testes de perfil de investidor me colocam na categoria AGRESSIVO. Creio que isso ocorra em razão do meu patrimônio significativo, boa renda, alta escolaridade e certo conhecimento, ao menos teórico, sobre produtos financeiros. Mas a verdade é que nunca me considerei um investidor agressivo.

Preponderou para mim, desde sempre, minha alta aversão ao risco de perda de valor do patrimônio amealhado a tão duras penas. Assim, apesar de nunca ter feito um planejamento cuidadoso e detalhado, eu sei que minha carteira esteve posicionada no lado mais conservador do espectro.

Nos últimos meses eu venho assumindo mais riscos em busca de uma maior diversificação. Hoje, tenho uma carteira CONSERVADORA-MODERADA, e, agora, com essa tardia reformulação, que expliquei na postagem de semana passada, defini como o ideal para ser alcançado no médio prazo uma carteira do tipo MODERADA-AGRESSIVA, com a seguinte composição:

RENDA FIXA     - 45%
MULTIMERCADOS  - 30%
INTERNACIONAIS - 10%
RENDA VARIÁVEL - 15%

Mais à frente nesta postagem vou esmiuçar e explicar cada uma das classes.

Esses não são os valores atuais, mas minha meta para os próximos meses ou poucos anos. Os novos aportes e a realocação dos produtos que vierem a vencer terão por base esse planejamento.

Minha mudança de perfil não foi tão radical assim, já que, na verdade, a carteira é mais conservadora do que a distribuição por classe de ativos dá a entender. A escolha dos tipos de ativo dentro das categorias mais amplas reflete isso, como se verá adiante.

Além disso, estão fora dessa composição dois ativos:

- poupança com um valor fixo que mantenho como uma reserva de urgência e que pode ser utilizado imediatamente a qualquer momento;

- fundo de previdência que recebe aportes automáticos mensais e funciona também como seguro de vida e de acidentes.

O montante dessas duas aplicações consta na minha planilha de atualização patrimonial mensal que publico aqui no blog todos os meses, mas, por suas características próprias, não vejo sentido em contabilizá-los como uma porcentagem fixa do patrimônio total, como são os demais.

Passo agora aos produtos que elegi para cada classe de ativos.

- RENDA FIXA - 45%

PRODUTO DE LIQUIDEZ DIÁRIA     - 7,5%

FUNDO D+X                      - 7,5%

PRODUTO DE VENCIMENTO EM 1 ANO   - 6%
PRODUTO DE VENCIMENTO EM 2 ANOS  - 6%
PRODUTO DE VENCIMENTO EM 3 ANOS  - 6%
PRODUTO DE VENCIMENTO EM 4 ANOS  - 6%
PRODUTO DE VENCIMENTO EM 5+ ANOS - 6%

Um produto de liquidez diária servirá como reserva de emergência. O importante, dessa forma, é a liquidez e o baixo risco, então não espero uma rentabilidade muito acima da poupança. Hoje esse papel é feito por um CDB pós-fixado de um grande banco que compõe meu portfólio e acho que realmente esse será o tipo de produto que melhor se encaixa aqui.

O segundo produto é um fundo de renda fixa com liquidez de D+X dias. Aqui o mais relevante para mim é buscar uma rentabilidade um pouco maior sem perder certa liquidez. Como eu disse na postagem de semana passada e ainda vou repetir outras vezes, eu não tenho nada contra fundos e acho que a gestão profissional, no mínimo, vai dar algum parâmetro para o resto da carteira (claro que taxas de administração serão levadas em conta na escolha do produto).

Por último na renda fixa, haverá cinco produtos com vencimento escalonado de um a cinco (ou mais anos). Uma especificação do produto (tesouro direito, LCI, LCA, CDB ou debênture) e da modalidade de rentabilização (inflação, pós ou pré-fixado) vai ser observada caso a caso de acordo com as condições do mercado e a necessidade de diversificação.

Nesse último grupo da renda fixa, já tracei também algumas diretrizes que não são absolutas mas servem para nortear a escolha dos produtos e só serão deixadas de lado em hipóteses excepcionais, como, por exemplo: não alocar mais de 6% do patrimônio em debêntures de empresas do mesmo setor, sempre observar o limite do FGC e, mesmo assim, evitar alocar mais de 12% do total em uma única instituição financeira.

Outro ponto importante, que serve tanto aqui quanto nas demais classes de ativos, é que o número de fundos e produtos especificados é o mínimo na minha estratégia de diversificação.

Assim, em vez de um único fundo de renda fixa d+x com 7,5% do meu patrimônio total investido, posso ter três fundos da mesma espécie, inclusive com liquidez escalonada (d+x, d+2x, d+3x), cada um com 2,5% do patrimônio total, desde que essa diversificação faça algum sentido pelas características do fundo. Da mesma forma, entre os produtos de renda fixa com vencimento, por exemplo, em três anos, em vez de um único concentrado 6% do patrimônio, posso ter uma debênture com 3%, um título do tesouro pré-fixado com 2% e um CDB atrelado à inflação com 1%, de acordo com as condições do mercado na data da contratação.

Também é importante ressaltar que, seguindo a melhor estratégia do escalonamento de liquidez em produtos de renda fixa, a ideia é que com o vencimento de um produto, não havendo necessidade imediata de utilização do dinheiro, eu contrate outro para o final da fila - i.e., com vencimento em cinco anos ou mais - e, dessa forma, consigo condições melhores do longo prazo sem sacrificar a liquidez.

- MULTIMERCADOS - 30%

FUNDO MULTIMERCADO A - 10%
FUNDO MULTIMERCADO B - 10%
FUNDO MULTIMERCADO C - 10%

Como eu já disse, gosto de investimento através de fundos. Os fundos multimercados abarcam uma infinidade de produtos e estratégias e contam com gestão profissional, por isso essa aproximação generalista não dá margem para uma maior especificação.

Meu plano é ter aplicações em, no mínimo, em três diferentes fundos multimercados com distintas estratégias e níveis de agressividade (risco). A ideia é, portanto, diversificar em fundos com um bom histórico no mercado e taxas de administração condizentes. Maior detalhamento só vai ser possível a partir das condições disponíveis no mercado.

- INTERNACIONAIS - 10%

PRODUTO INTERNACIONAL A - 5%
PRODUTO INTERNACIONAL B - 5%

Aqui também não tracei um maior detalhamento nessa fase da composição da carteira. Como diretriz geral, o mais importante neste ponto é manter alguma reserva de patrimônio em aplicações conservadoras blindadas das incertezas da nossa economia. Portanto, fundos estrangeiros serão provavelmente a opção mais atrativa mas uma alocação também ETF's não está descartada.

- RENDA VARIÁVEL - 15%

FUNDO DE RENDA VARIÁVEL A - 4%
FUNDO DE RENDA VARIÁVEL B - 4%

AÇÃO A                  - 0,35%
(...)
AÇÃO J                  - 0,35%

FII A                   - 0,35%
(...)
FII J                   - 0,35%

Acho que nem seria necessário repetir outra vez mas... gosto da aplicações em fundos. A escolha aqui, como nos outros casos, vai observar o histórico dos fundos no mercado, taxa de administração e diferentes estratégias. Meu objetivo, no longo prazo, é que o investimento em fundos perca espaço para a aplicações direta em ações e fundos imobiliários. Em uma perspectiva de médio prazo, são esses fundos que vão servir de parâmetro para avaliar meus investimentos diretos.

Por fim, vou aplicar em 10 ações e 10 fundos imobiliários distintos. A alocação de 0,3% em cada produto é apenas uma média e não afasta a possibilidade de que sejam aplicados pesos diferentes na montagem da carteira. Meu objetivo é uma estratégia buy and hold com papeis bons pagadores de dividendos e alugueis.

Essa é, enfim, a carteira que vai servir de modelo geral para os meus investimentos nos próximos anos. Embora possa, é claro, sofrer ajustes quando for necessária.

Um alerta final: sou um mero amador e o que expus aqui não é senão a minha conclusão precária. Não se trata de uma conclusão abalizada de um profissional e não deve ser entendida como uma recomendação. Ao contrário, se publico aqui na internet é exatamente para expô-la a críticas que me façam conhecer onde estou errando.

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