ATUALIZAÇÃO PATRIMONIAL MAIO/2023 E NOVO ÍNDICE DE I.F.

Sexagésima quarta atualização patrimonial do blog e novo cálculo do meu índice pessoal de independência financeira.


PATRIMÔNIO

MAIO/2023:

Conta Corrente.........R$ 1.900,46

Poupança..............R$ 50.370,35

Fundos...............R$ 151.114,28

Renda Fixa...........R$ 324.900,92

Previdência..........R$ 471.974,07

Renda Variável........R$ 29.503,50

Internacional.........R$ 45.056,36

PATR. FINANCEIRO...R$ 1.074.819,94

Imóvel (estimado)....R$ 500.000,00

PATR. TOTAL........R$ 1.574.819,94

Fiz algumas mudanças relevantes nas alocações, especialmente em razão do vencimento de um CDB vultoso, mas ficou tudo dentro da mesma categoria, sem impacto no quadro sintético dos meus fechamentos mensais.

Estou satisfeito com o atual equilíbrio da carteira. Estou bem posicionado para a alta dos juros e com liquidez para aumentar o risco quando os juros começarem a trajetória de queda.

Estou fazendo o fechamento antes do come-cotas. É provável que, se tivesse esperado alguns dias, o aumento patrimonial do mês não teria sido tão expressivo.


INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Na última postagem (aqui) expus o modelo de carteira-FIRE que pretendo adotar quando alcançar a independência financeira. Achei importante ter, desde logo, a ideia geral de alocações para o período FIRE como uma forma de orientar a minha estratégia de longo prazo, ainda que ajustes venham a ser feitos durante o percurso.

O exercício também me revelou que a taxa segura de retirada (TSR) de 4% ao ano - muito comum na finansfera e que eu mesmo vinha utilizando para calcular minhas metas - não me deixa suficientemente confortável.

O meu novo objetivo financeiro é pensado a partir da carteira-FIRE do modelo fazenda -> celeiro -> despensa que apresentei naquela postagem. Em termos práticos e aplicados à minha situação, significa trabalhar com uma meta de patrimônio total trinta vezes minhas despesas anualizadas - ou, o que dá no mesmo, uma TSR de 3,33% a.a.

Ter um índice de independência financeira sempre foi importante para mim. Embora não seja comum em outros blogs da finansfera, algum índice dessa espécie aparece nos fechamentos mensais por aqui desde o início e só ficou de fora durante um breve período de caos na minha vida pessoal e financeira que me impediu de calculá-lo.

Até hoje eu sempre usei uma TSR de 4% a.a. Ainda assim, alterei a base de cálculo do meu índice algumas vezes. A questão difícil de ser respondida é: "qual o valor das minhas despesas anuais?". Essa é a resposta que vai permitir calcular, com base na TSR, o montante a ser alcançado e, por consequência, o índice de independência financeira.

Eu mantenho um controle de gastos razoável e consigo dizer quanto gastei nos últimos 12 meses. Mas posso considerar que esse é meu gasto médio anual para fins de meta de independência financeira?

Falei um pouco dos problemas dessa forma simplificada de cálculo em agosto do ano passado (aqui). Naquele mês, tive um gasto emergencial de R$ 40 mil. Como essa despesa excepcional entrou no cômputo das despesas anuais, a minha meta de independência financeira quase dobrou e meu índice de independência financeira despencou de uma hora para outra. No próximo mês de agosto, quando essa despesa deixar de ser computada no acumulado dos últimos 12 meses, meu índice vai dar um repentino salto para cima.

A ideia de ter um índice de independência financeira era enxergar o caminho sem essas oscilações bruscas.

Não é razoável que gastos extraordinários tenham um peso demasiado na meta de independência financeira, ou ela pode se tornar infactível. Por outro lado, tampouco é aconselhável que esse tipo de despesas deixe de ser levada em conta, até mesmo porque a tendência é termos mais, e não menos, despesas inesperadas conforme nossa idade avança.

Uma forma de de evitar essas oscilações é calcular os gastos anuais tomando por base os gastos efetivos em um intervalo de tempo maior, de dois, ou mesmo de cinco anos. Para o meu caso, aquela despesa emergencial se diluiria como uma provisão de R$ 20 mil ou R$ 8 mil anuais para emergências.

O principal problema com essa forma de tomar os gastos anuais é não dar conta da atualidade do custo do estilo de vida. Há dois anos, eu não tinha filhos, hoje, sim. Há cinco anos, eu vivia de aluguel, hoje tenho casa própria. As minhas despesas mensais daquelas épocas passadas já não refletem mais os gastos que tenho hoje.

Uma outra solução seria criar um grupo de despesas ideais prevendo os gastos de uma aposentadoria FIRE. Embora seja evidente que o custo de vida pode mudar durante uma aposentadoria precoce, essa forma idealizada de estimar gastos futuros me parece perigosa. Prefiro dar mais valor à realidade quando existem dados suficientes. Em outras palavras, em vez de cogitar quanto gastaria mensalmente durante o período FIRE, prefiro olhar o quanto eu estou efetivamente gastando hoje.

Não vejo uma saída fácil para o problema. Embora a seção de comentários esteja sempre aberta aos pitacos dos blogueiros e leitores da blogosfera de finanças, esse texto foi mais um desabafo.

Por ora, a nova meta continua levando em conta a média móvel mensal dos gastos dos últimos 12 meses.

Mas fica o alerta de que desconfio do meu próprio índice. O mais provável é que, alcançando os 100% em algum momento dos próximos 10 anos, eu não decrete FIRE, mas entre em um período de teste tentando viver dos rendimentos das aplicações financeiras mantendo meu emprego regular.

Dito isso, estou em 44,8% da minha meta móvel de independência financeira. Mais abaixo, uso o novo modelo para recalcular, com fins a eventuais referências futuras, meu índice pessoal desde o início de 2019 em um gráfico improvisado.

Para quem tiver curiosidade, vejam o impacto de gastos extraordinários nas baixas e recuperações dos índices, por exemplo, em agosto de 2022 e em janeiro de 2021.

Como já adiantei, no próximo mês de agosto, quando aquela despesa médica emergencial for excluída do cômputo, meu índice deve saltar 20 pontos percentuais e chegar a 64%. Por outro lado, em setembro, quando for excluído do cálculo um mês de setembro de 2022 de despesas excepcionalmente baixas (em especial em razão da restituição de parte dos gastos pelo plano de saúde), meu índice deve cair 10 pontos e ficar mais ou menos estagnado em 54% até o final do ano.

A ver se minhas previsões são certeiras.


HISTÓRICO DE ÍNDICES DE I.F. (nova fórmula)

ABR/23:$$$$$$$$$-45%
MAR/23:$$$$$$$$-44%
FEV/23:$$$$$$$$-42%
JAN/23:$$$$$$$$-43%
DEZ/22:$$$$$$$$-41%
NOV/22:$$$$$$$-39%
OUT/22:$$$$$$$$-40%
SET/22:$$$$$$$$-41%
AGO/22:$$$$$$$-36%
JUL/22:$$$$$$$$$$$-55%
JUN/22:$$$$$$$$$$$-56%
MAI/22:$$$$$$$$$$$-59%
ABR/22:$$$$$$$$$$$-56%
MAR/22:$$$$$$$$$$$-57%
FEV/22:$$$$$$$$$$$-55%
JAN/22:$$$$$$$$$$-51%
DEZ/21:$$$$$$$$$$-50%
NOV/21:$$$$$$$$$$-50%
OUT/21:$$$$$$$$-44%
SET/21:$$$$$$$$-43%
AGO/21:$$$$$$$$-40%
JUL/21:$$$$$$$-37%
JUN/21:$$$$$$-34%
MAI/21:$$$$$$-32%
ABR/21:$$$$$$-31%
MAR/21:$$$$$$-30%
FEV/21:$$$$$-28%
JAN/21:$$$$$-25%
DEZ/20:$$$$$$$$-40%
NOV/20:$$$$$$$-39%
OUT/20:$$$$$$$-37%
SET/20:$$$$$$$-36%
AGO/20:$$$$$$$-35%
JUL/20:$$$$$$-34%
JUN/20:$$$$$$-32%
MAI/20:$$$$$$-30%
ABR/20:$$$$$-29%
MAR/20:$$$$$-27%
FEV/20:$$$$$-29%
JAN/20:$$$$$$-30%
DEZ/19:$$$$$-29%
NOV/19:$$$$$-28%
OUT/19:$$$$$$-30%
SET/19:$$$$$-28%
AGO/19:$$$$$-28%
JUL/19:$$$$$-25%
JUN/19:$$$$-23%
MAI/19:$$$$-23%
ABR/19:$$$$-22%
MAR/19:$$$$-22%
FEV/19:$$$$-23%
JAN/19:$$$$-23%

Comentários

  1. Olá JE!

    Acredito que você já tem a solução parcial do seu problema: "entre em um período de teste tentando viver dos rendimentos das aplicações financeiras mantendo meu emprego regular."

    O ideal seria se pudesse sair por um ano ou dois do seu emprego, porque eu imagino que vai acontecer de você ficar mais em casa e gastar menos, mas também pode acontecer de você decidir viajar no tempo livre e gastar mais...

    Pra mim, tentar prever as despesas futuras é mais ou menos como tentar prever o resultado da bolsa no curto prazo, sempre corremos o risco do tal "cisne negro" e todos os planos se perderem.

    Boa sorte pra todos nós!

    Abraços

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    1. Talvez o ideal fosse entrar em FIRE de uma forma lenta e gradual: viver de rendimentos mantendo o mesmo emprego por um período, passar algum tempo em um emprego que só pague as contas mas que exija pouco em relação à carga horária, depois um período de "licença" em que a possível volta ao trabalho continue mais ou menos "engatilhada" e só depois disso tudo decretar FIRE em jogar tudo para o alto.
      O problema é não só conseguir esse emprego e essa licença, mas também segurar a ansiedade quando o dinheiro já estiver na conta.
      Obrigado pela visita, Bilionário!

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  2. É um problema de difícil solução mesmo essa questão de despesas extraordinárias.
    Eu trato isso colocando a meta FIRE acima dos meus gastos previstos, de modo que eu tenha uma "gordura" para gastar em caso de imprevistos.
    Aliás, eu advogo que a reserva de emergência deve ser maior quando vivemos de renda do que quando estamos na fase de acumulação. Explico, hoje eu economizo 70% do meu salário, o que me dá um grande conforto para lidar com imprevistos. Quando estiver vivendo de renda não vou ter essa folga imensa na renda, claro que sempre há o próprio patrimônio para imprevistos, mas quem vive de renda quer mexer o mínimo possível no patrimônio.
    Abraços.

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    1. É verdade, Mendigo e eu nunca tinha pensado por esse lado. Como eu também guardo a maior parte dos meus rendimentos, alguns gastos imprevistos acabam passando despercebidos financeiramente. Por exemplo, no último mês, o que parecia apenas um registro de água girando em falso acabou se transformando em uma pequena obra de quase R$ 3 mil. Entrou na rubrica de despesas com a manutenção da casa e não dei muito mais importância, mas com um orçamento mais apertado esse tipo de despesas - nesse caso, decorrente de morar em um prédio antigo - tem que ser vista com muito mais atenção.
      Obrigado pela visita!

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  3. O ideal é atingir uma Semi-IF primeiro, trabalhando com algo que você goste e que de um retorno mediano e de preferência por conta própria para ter maior liberdade de horário. Com isso acho que a IF viria por osmose.

    Grande abraço.
    Rumo a IF!

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